31.8.12

Lábios

A secura de meus lábios rosados.
A frieza de meus poros adulterados.
Meu coração gélido.
Minha alma inexistente.
Minha mente ausente.
Minha vida sem dor,
sem caricia.
Sem sal ou açúcar.
Olhos fundos.
Face pálida.
Estou doente.
Sou doente.
Nasci doente. 
Não sou nada!





Tango

A felicidade se compara ao tango.
Tem movimento, vontade e prazer.
Agrada quem dança e quem vê.
causa inveja em alguns.
Envolve a todos.
Atrai olhares. 
E só faz o bem.
A felicidade é um tango,
pois tango não se dança sozinho.
E ninguém é feliz sozinho.
A felicidade é o tango da vida!

Meus olhos

Meus olhos que tanto mentem,
só querem paz.
Cansaram de falsidade.
Querem parar de brilhar,
Para poderem chorar.
Coitados de meus olhos,
nem chorar podem.
São poças de lágrimas.
Lágrimas de sangue.
Lágrimas de sentimentos.
Um choro capaz de inundar o mundo.
Preservo minhas lágrimas,
para não afogar os outros!

Revolto-me

Revolto-me!
Revolto-me,
pela revolta.
Pelo amor fingido.
Pela falta de luz.
Pelo beijo contado.
Pela flor sem perfume.
pala menina que se diz pura.
Pela mentira.
Pelo mundo.
Pelo Deus falso.
Pelo Diabo inexistente.
Pela verdade dolorosa. 
Pelo sentimento sem valor.
Pela falta de verde.
Pela quantidade fel.
Pela falta de mel.
Falta sentimento.
Falta luz.
Falta drama.
Os novos são desalmados.
E os velhos são esquecidos.
O que houve com o amor da terra?
O que ficou foi o horror.
E a gota de amor que sobrou.
Se encontra cravada na carne,
dos desvalidos revoltados!

Camaleão

Leão da terra, lagarto louco.
Loucura lucida de sete cores.
Pinta o céu e pinta a terra.
Pobre mariposa, 
foi capturada,
por uma língua selvagem.
Caminha com tanta lentidão,
que nem é notado.
Vive mudando por fora,
mas por dentro é o mesmo.
Faz das tripas coração.
Vive a vagar pelo mundo.
Pobre camaleão solitário.
Aprendeu a viver sozinho,
e por conta disso nunca foi feliz!


Pedaço de carne

O que sou?
A sociedade diz que sou,
um pedaço de carne ambulante.
Resolvi colocar acréscimos,
agora sou, um pedaço de carne ambulante,
repleta de versos.
Não quero um pedaço.
Se é para ser que seja inteiro.
agora que não sou pedaço,
sou apenas, carne ambulante,
repleta de versos.
Cansei de ser carne.
Sou ambulante repleta versos.
Fui me transformando.
Tira isso,
põe aquilo.
Vai pra lá,
volta pra cá.
Sei que deu nisso.
Uma ambulante que carrega versos.
Não é fim, é só um novo começo.
Um começo que vive mudando.
As vezes é meio, as vezes é fim,
e as vezes não é nada!






30.8.12

O banco

Meu banco de praça.
Não é meu, mas já refleti tanto junto dele.
Deixei metade de mim, sentado por lá.
Ficou parado, pensando e observando uma arvore.
Não sei se volto para busca-lo,
ou se fico por lá com ele.
Na praça não tem mais amantes e nem crianças.
Ninguém mais alimenta os pombos,
nem tomam sorvetes.
O que restou foi muito pouco.
Uma acácia, um banco e algumas lembranças.
Parece pouco mas este pouco,
faz tão bem para aquele 
que tanto pensa!





29.8.12

Drummond

O homem que reúne: Ironia, inteligencia aguda
e uma suave melancolia.
Mesmo velho era menino.
Nunca negou a idade, 
o número que sempre se recusou de afronta-lo.
A morte não teve medo deste menino ancião.
Levou mas deixou o amor de Drummond 
no coração do jovem poeta.
Hoje não tem Drummond,
o que nos resta é o amor.
Amor a lira, ao verso, ao poema e a poesia.



28.8.12

Tributo ao vinho

O vinho ajuda a engolir o amargo que é a vida.
Talvez nem ajude, talvez só atrapalhe.
Se atrapalha ou não eu nem me importo.
Sei que amacia o cigarro e liberta corpos reprimidos.
Libertar e amaciar é o que importa.
Depois de três taças o resto é resto.
O que tanto tinha importância, agora tem ainda mais.
O que ninguém se importava agora é mais inútil ainda.
Nem tudo é flor e nem tudo é espinho.
Agora só o que me resta é mais uma taça de vinho!



27.8.12

Entre a fala e o silêncio

Por fora serena e sem voz.
Por dentro grita feito louca.
Talvez seja um anjo endiabrado,
ou quem sabem um demônio angelical.
Mais no mais é coisa alguma.
Não ladra, só morde.
Não precisa de voz para gritar.
Quando se pensa nem é preciso falar!

Drama

Deixe de choro.
Deixe de manha.
Não se acanhe.
Saía deste resguardo.
Não se reprima neste quarto empoeirado.
Faça de conta que não pensa.
Ou faça de conta que sabe pensar.
Pense mesmo sem saber.
Faça deste drama sua cama.
Deite-se e após oito horas se levante.
Não arrume o drama, e nem a cama.
Saía pelo mundo ou pelo imundo.
Viva meu Bem e deixe o drama com a cama!


26.8.12

Jatobá

Jatobá arvore de sombra boa.
Abrigo de almas vagabundas.
Vagueiam por ai,
fazendo o mundo de brinquedo.
Não é por maldade, é por amor.
O amor a terra é o que faz
a alma ser errante. 
Incerta feito poeta,
dá poemas ao sol,
e faz serenatas pra lua!





24.8.12

Agridoce

Quero beijo agridoce,
para combinar com o
amargo de meus pensamentos,
e com o doce de meus sentimentos.
Quando não é doce demais,
é amargo demais.
Satisfaz um lado e maltrata o outro.
Só o agridoce é capaz de satisfazer
este meu caos organizado!

23.8.12

Capricho

Aquela que tão pouco sabe,
decidiu querer mais.
Sua teimosia de menina quer o além.
Nem se quer sabe o que quer,
apenas quer.
A menina que tão pouco sabe,
transformou seu pouco em ilusão.
Não quer mais saber de bocadinho,
agora só quer imensidão.
Talvez seja puro capricho de menina.
Capricho que cresceu e virou mulher!

22.8.12

Rosa dos ventos

Rosa dos ventos que de rosa só tem o nome.
Mostra a direção para todos, 
mas para ela só resta a perdição.
De tantos pontos cardeais escolheu nem um.
A rosa que é guiada pelos ventos está 
sempre em desordem.
Faz o Sul subir para o Norte,
e o Norte virar para o Leste.
Não é louca nem demente,
é apenas uma pequena rosa
que não tem medo de vento!

21.8.12

mudanças

Sim, eu mudei.
E não foi só uma vez.
As vezes sou ruim.
As vezes sou bondosa.
As vezes sou amiga.
E as vezes uma cobra falsa.
Já fui tantas e tantas.
Mas por agora quero ser só uma.
Quero provar o sabor da mesmice.
E tentar suportar o real.
Mas no final sei que tudo, 
vai virar começo,
e o real se tornará o mais puro surreal!

20.8.12

Percevejo

O percevejo que nada percebe, 
fica por ali,
pois sabe que ninguém o percebe.
Tudo se vê nada se repara.
Para percevejo e pensamento,
tamanho não é documento.
Perceber um pensamento,
ou um percevejo,
não é tarefa fácil,
deixe que ele te perceba primeiro,
depois tudo fica mais prático.



19.8.12

O corpo para a cegueira

O corpo no escuro sente a perfeição.
Tudo fica belo aos olhos do cego.
Nada se vê e tudo se sente.
Sente e nem sabe o que sente.
Vê o nada e sente o tudo.
O corpo é sempre belo.
No escuro não se discute
beleza ou perfeição.
No escuro tudo vira lance de pele! 

18.8.12

Meu divã














Minha vã filosofia é o que me irrita.
O conforto é meu divã.
Nele me sinto mais cheia, mais louca
e mesmo deitada me sinto mais viva.
Um divã lhe dá a sensação de falta de lucidez.
O vazio se perde na loucura
e a loucura se perde no diagnostico de um estranho.
Me perco em um divã,
e me encontro na loucura.
Vivo assim: entre o divã,
a vã, a loucura e os diagnósticos.
Talvez não seja a melhor forma de vida,
mas foi a melhor que encontrei! 

17.8.12

Marinheiros aviadores

 Veja os barquinhos velejando no azul do céu.
Se perdem nas nuvens e encontram o sol.
Os barquinhos com marinheiros avidores,
deixaram  Poseidon, para um encontro com Zeus.
Hoje não tem mais terra á vista, só o que tem é céu,
um céu imenso de um completo nada.
Os marinheiros aviadores não querem mais anjos,
o que querem é voltar para suas sereias e se fartar,
com a beleza do mar!

16.8.12

Primavera

Eu com todo meu inverno, logo logo vou me florir.
Meu céu que era cinza, vai ficar azul e amarelo.
Meu mar tão feroz, ficará manso igual velho boêmio.
Vou chover por poucos dias, mas estes poucos,
serão capazes de encher as cisterna do povo de sertão.
A primavera que faz de todo corpo uma morada,
quer fluir e florir, por tanto deixe está menina
cheia de artimanhas, ir e vir.
Ela é sua, você é dela, 
ela te completa, você completa ela! 
















15.8.12

Laranja

Eu me minha mania ser laranja. 
As vezes doce, 
as vezes azeda,
as vezes sem gosto,
e as vezes com gosto até demais.
Por fora sou sólida e por dentro, 
me desmancho em liquido.
Pareço forte, mas sou tão frágil.
Nem tudo que pareço sou, 
não é minha casca que me define.
Tem vezes que estou verde por fora,
e um completo mel por dentro.
Antes de me partir, procure me entender,
mas nunca me defina.
Só me deixe ser laranja!













14.8.12

Fantasma

O fantasma de meu passado,
insiste em invadir, 
oque chamo de presente.
Chega, toma um chá, 
se senta, me encara, 
e as vezes até opina.
Eu tento não me importar,
mas sempre acabo,
tomando gim com ele.
Falamos sobre tudo,
e as vezes sobre o nada.
É embriagada que encontro
minha lucidez.
É caída de bêbada que percebo que,
este que chamo de fantasma,
é só mais um que completa meu eu!




13.8.12

Pecado

A pecadora que nunca pecou,
nem  o pecado está nela,
nem ela está no pecado.
Ela ainda não sabe, 
se é ou não pecadora,
pois nunca teve o habito de se definir.
As vezes adorável,
as vezes pecadora,
as vezes as duas coisas,
e as vezes coisa alguma!


12.8.12

Capim-santo

O capim-santo que de santo tem mais que o nome.
Faz milagre a qual quer goela desmantelada.
Um príncipe que parece plebeu.
Nasce em beira de estrada,
e seu aroma impregna o ar.
Mais cheiroso e puro do que uma flor,
é príncipe feio que nasceu para os impuros,
doentes e loucos.
Capim-santo é aquele que agrada a todos,
e não agrada ninguém.
Ele não precisa agradar,
ele só precisa viver e amar!



11.8.12

Muito de nada e Pouco de tudo

A que tão pouco escreve,
resolveu escrever muito.
Um muito que acabou,
se transformando em pura ociosidade.
Fez noventa linhas de um completo nada.
A pequena não entende que:
O mais de nada serve, para quem escreve.
As vezes uma palavra tem mais á dizer,
do que um texto.
As vezes uma frase tem mais sentimentos,
do que um livro inteiro.
Não se conforme com o muito de nada,
prefira o pouco de tudo!




10.8.12

Tristeza de pandeiro


O pandeiro que tanto apanha,
foi se consolar com a cuíca.
Dono cuíca é meio louca,
gargalha e chora, tudo na mesma canção.
A chorosa cuíca não tem muito o que dizer,
procurar o cavaquinho que vive á gemer.
O cavaco que tanto geme, compartilha, 
a tristeza de seu amigo pandeiro,
e vai com ele procurar o violão.
Violão é um senhor sábio,
triste e seresteiro.
Vai de um partido alto a um chorinho singelo. 
Toca em terreiro, toca pra lua,
roda o mundo nas costas de um malando vadio.
O violão não tem muito o que dizer ao pandeiro,
só diz a seguinte coisa:
- O seu sofrimento toca á todos,
é sua infelicidade que da, sorriso ao povo,
e não tem coisa melhor do que fazer o outro sorrir.
Somos nós os sofredores, que damos conforto ao mundo!

9.8.12

Desbriados, avoados, aluados e desafinados

Somos nós, os cínicos desbriados.
Os poetas avoados.
Os bêbados aluados.
E músicos desafinados.
Que somos os verdadeiros artistas. 
Pois é no completo de nada,
que se encontra o cheio de tudo.
 Somos os únicos com o dom,
de transformar melancolia em arte.
Ócio em agitação.
Agonia em calmaria.
E desgraça em graça.
Somos loucos de boa cabeça.
insensatos cheios de bom senso.
Somos velhos e crianças,
tudo ao mesmo tempo.
Estamos longe de razão,
e vivemos livres na imensidão.
Tudo isso e nada disso somos nós.
E já que não temos rédeas,
andamos soltos por aí!

8.8.12

Sentimento bolha

No inicio era tão pequeno.
E com o tempo, foi crescendo.
Cresceu tanto que mal coube no mundo.
Pena que foi fraco, sem nada de força.
Só tinha tamanho.
Sentimento tão fraco, que se compara 
a uma bolha de sabão.
Cresce até quando puder assoprar,
mas é fraca, sem firmeza para continuar.
O sentimento bolha saio voando com a brisa
até cair e se espatifar.
Agora que a bolha acabou, só o que resta é pedra!

Luz na cabeça e flores nos pés


A menina que tanto agradava,
não agrada mais.
Decidiu que agradar 
faz mal a ela.
Se não gosta do azedo,
não merece o doce. 
Fique com os falsos,
pois a menina prefere os bêbados.
Quem se diz certo da cabeça 
se afaste da pequena,
pois ela anda com loucos.
Jogou o bom senso á 
um cachorro vadio.
E hoje, vive ainda mais viva.
Cheia de luz na cabeça,
 e flores nos pés!


7.8.12

Moça

Moça  confusa, que sorri para nada.
Da bom dia á pedra.
Beija espelho.
Brinca de  Deus.
Se faz de menina.
Se pinta de mulher.
Nem ela mesma sabe o que é.
Será que ela é? 
O que ela é? 
O que você é?
O que eu sou?
Quem é nada, pedra, espelho,
Deus, menina e mulher?
Ela é tudo  isso,
e nada disso.
Se diz louca, 
mas no fundo é 
cheia de lucidez.
É esposa,
é amante.
É só moça.
E moça não se fragmenta,
nem se completa!

6.8.12

Vaga-lume

Brincando no escuro,
quase não vejo nada.
Só o que vejo são luzes verdes, 
que não param de brilhar.
Agora entendo o pequeno pirilampo.
Vive a vagar pelo mundo,
para dar luz a escuridão.
Faz notar que todo mundo 
tem luz, 
e qual quer vida tem 
direito ao brilho.
É no escuro que se vê a luz!

Gato

O gato de olho amarelo,
olha fixamente para o nada.
Será que ele pensa?
Ou só se  faz de pensador?
Fica ali parado,
brinca com o nada
e vê graça no além.
O gato que usa um dos 
nomes infernais,
não passa de um gatinho manhoso.
Fingi ser irracional,
para raciocinar melhor! 



5.8.12

Somos nós

Não sei o que somos,
não sei nem se somos.
Posso ser sua: 
Amiga, inimiga,
irmã, amante,
filha, mãe.
Posso ser tudo,
mas para nós, não necessário rótulo.
Somos sem precisar ser.
Somos nós, não sendo.
E é assim que vivemos!

4.8.12

Choro

A moça é mutilada,
com os versos de uma canção.
Chora feito menina.
Nega feito mulher.
Não admite choro ingenuo.
Um choro que cai por alguém 
que não é ninguém.
Choro negado, 
que nem deveria existir.
Choro de quem sente 
o que ninguém ousou sentir.
Olhos avermelhados,
rosto inchado,
nostalgia,
e talvez  amor.
Chora e nem sabe o porquê,
só sabe que chora!




Tristeza de céu

Tomo rum e assisto um filme.
Não sei o que é mais triste,
eu me contentando com uma 
garrafa de rum e com a desgraça 
fingida de uma desconhecida,
ou a atriz bem paga, 
que se faz de desgraçada.
Desisto do filme e abro a janela,
olho para o céu e vejo ele cinza.
O céu é triste, e nunca fingido.
Tristeza de céu não se discuti,
o consolo é sofrer junto!

















2.8.12

Lagarta

A lagarta tão bonita e só quem tem valor é borboleta.
Em terra de loucos, só tem valor o que é completo.
Mal sabe que o completo é o fim.
Bom mesmo é o nascer e não a caminhada para o fim.
Mundo estranho, de seres sem senso, aplaudimos o voo 
de 24 horas de vida.
Dias e dias caminhando, mais dias ainda dentro de um casulo
e um único dia de voo.
Um voo a caminho caminho da morte.
Triste borboleta, recebe aplausos por sua morte!

O mistério da teia

O mistério da aranha é a teia.
está sempre a tecer e ninguém sabe o que.
Talvez esteja tecendo minha vida, ou a sua.
A aranha tece o viver, o pensar, o sonhar.
Por isso nem uma teia é igual,
pois história de aranha não se repete.
Não somos movidos pela teia,
ela que se move a cada passo nosso.
Teia não é só dispensa de aranha.
Teia é dedicação, sabedoria,
trabalho, cuidado e desleixo.
As vezes grandes, as vezes média 
e as vezes pequena.
A aranha é uma contadora de histórias 
reais e surreais.
A aranha guarda a história histérica 
da humanidade em sua dispensa! 

1.8.12

Cangaço

Nem tudo é chumbo.
Vivendo em guerra sem nunca perder a ternura,
amor de cangaço é isso, balear, ser baleado,
desapropriar e amar. 
Largar a vida pacata de plantar e colher,
para correr  mundo, correr perigo.
Ao lado de seu amor tudo vale.
Amor de Gato e Inacinha,
Dada e Corisco,
Maria bonita e Lampião.
Casais que viveram e morreram juntos,
sem nunca largar o fuzil.
É este o amor de cangaço!

Fumaça

Acendo um incenso e fumo um cigarro,
as fumaças se misturam e se perdem no breu 
da madrugada.
Pego um disco e coloco na vitrola empoeirada,
me sento no canto da sala fico a escrever.
Penso em tudo e não penso em nada.
Brigo com o gato e depois fico calma.
Volto a escrever.
Escrevo pouco, quase nada.
Fecho a janela e deixo as fumaças 
presas comigo.
Penso, escrevo, trago, ouço e sinto.
Alimento o  gato e dou água ao pequeno cacto.
Vou para o quarto 
e tento me encontrar com Hipnos,
nem ele da jeito em minha insonolência. 
Tenho insonia  de criança,
insonia que não passa de sono adiado!