28.2.13

Manjericão

Amor inventado.
Feito do avesso.
Todo contorcido.
Vive de cachaça,
poesia e cereja.
Roda feito menino.
Pensa feito um maluco. 
Nossa dor se cura com gelo.
Nosso amor é manjericão.
Serve para quase tudo.
Menos para a desilusão.

27.2.13

Passado

Tristeza enganada.
Alma de concreto.
lágrima coagulada. 

O sorriso ameno
disfarça o choro.

A dor de viúva,
é coberta com panos.

O chocolate,
hoje é cigarro.

Se acaba entre os dedos,
desfaz um passado.

26.2.13

Fim

Os cabelos soltos 
atrapalham os olhos castanhos.

O copo com gelo vai se derretendo.
Se acabando aos poucos.

A brisa fraca bate de leve
no corpo suado.

Os ponteiros rodam,
sem nunca entontar.

As letras contorcidas são escritas,
até o ponto chegar.

25.2.13

Cio

Estrela do cio.
Pisca verde no mato.
Atiça olhos embaçados.
Atrai corpos amolecidos.
Alicia seios inchados.
Planta beijos.
Enlaça pernas. 
Ao amanhecer, desaparece.
Nada quer.
Pede arrego.
Esquece.

22.2.13

Solidão café e cigarro

Olhos mirados para o nada.
Pensamentos soltos.
Lábios rasgados.

O cigarro é intragável.
Forte.
Amargo.

O café desce frio.
Insosso.
Aguado.

Me contento com isso:
Solidão. 
Café.
Cigarro!

21.2.13

Vadio

Dividir uma cerveja
é coisa que não acontece. 
Sou sozinho no mundo.
Largado na vida.

Um andarilho bêbado.
Arranco pedaços.
Me desfaço.
Me enlouqueço. 

20.2.13

Vestido de flor

Sorriso aberto.
Vestido de flor.
Cabelo assanhado.

Uma felicidade momentânea.
Cheia de tombos, topadas e barrancos.
Se faz de brisa.

Sai cambaleando.
Pairando.
Se acabando.

19.2.13

Desatino

Meus lábios tortos.
Minhas rugas novas.
Caída na cama.
Sorrio.

Me perco em êxtase de letras.
Falo com Deus.
Murmuro o desamor.
Me desmancho em malicia.


18.2.13

Ninho

Minha casinha miúda.
Com cheiro doce de alecrim.

Lençóis macios com cheiro de amor.
Fronhas limpas com bordado de flor.

Um barqueiro sonso.
Uma rede no canto.

Noites frescas.
Com absinto, pirilampos e borboletas.

15.2.13

Ego Sum

Minha teimosia enrugada.
Minha feiura desidratada.
Se perde em um céu de zinco.
Se contorce em ponta de abismo.

Choro feito um menino.
Agonizo feito um vadio.
Não sou filho, nem pai.
Sou apenas um moleque perdido.

14.2.13

Vida

Queimo em febre.
Tombo no chão.
Me faço de flor.
Penhoro minh'alma. 
Rabisco meus lábios.
Viro um copo.
Salto na vida.

13.2.13

Esturricados

Meus olhos cansados.
Doídos.
Esturricados.
Miram para um mundo cinza.
Caído.
Mal acabado.
Me retiro em passos leves.
Me perco em orgasmo.
Me desmancho nua.
Me refaço em mormaço.

11.2.13

Tragada

Cigarro entre os dedos.
Lábios amarrotados.
Beijos doados.
Vida florida.
Cinzenta.
Molhada.
Tragada.
Acabada.

10.2.13

Cartomante

Olhos negros.
Velhos fatos. 
Palavras doces. 
Falam de vida.
Brisa.
Amor.
Sorte.
Morte.

8.2.13

Bêbado

Barba por fazer.
Cigarro de lado.
Olhos revirados.
Contorcidos.
Mal tratados.
Falam de uma vida
insana.
Cerveja.
Seios.
Pernas brancas.



7.2.13

Regalo

Meus bobes folgados.
Minhas ideias rebeldes.
Meu corpo cansado.

Tomo chá.
Reclamo da vida.
Entro em cio no telhado.

Brigo com gatos.
Canto pra lua.
Caio em regalo.

6.2.13

Menina

Olhos entreabertos. 
Corpo manso.
Crú.
Insano.
Se faz de criança. 
Recebe beijinhos.
Vira mulher.
Morre menina.

5.2.13

Pacata

Olhos borrados.
Lábios avermelhados.
Cabelos embaraçados.
Pernas tremulas. 
Vida seca.
Chata.
Embriagada.
Pacata.



4.2.13

Poema em carne

Quarto impregnado.
Corpos corroídos.
Sorriso de menino.

O poema se fez carne.

Plantou beijos.
Ouriçou pelos.
Mordeu pernas.

2.2.13

Largados

Olhos frigidos.
Cigarro entre os dedos.
Copo na mesa.

Pensamentos largados.
Desvalidos.
Mal acabados.

Contorce a cabeça.
Troca as ideias.
Muda de lado.