30.11.14

Repara


Numa ótica de passarinho
miro para a lua ultra.
esqueço do violeta
na imensidão das nuvens.
 
Sopros sentidos,
formas vivas
dum sonho atoa.
 
De cabeça-meia na lua.
De cabeça-meia no mar.
 
Num delírio de alquimista,
mordiscando os lábios,
jorrando palavras,
grafemas,
diacríticos,
poemas...


25.11.14

Ἄτη


Quarenta e sete piscadas seguidas,
descuido de ideias dançantes
que saltam da boca
e te beijam nos ouvidos.
 
Nada mais gira,
porém o tempo devora,
sem fome,
sem provas,
apenas come;
Pútridos, deuses, fodidos.
Engole, cospe, aduba, seca...
 
Voamos entre os sais de nossos olhos.
Caímos num reflexo,
num pigarro mental que Até senta e repara.


9.11.14

Sentidos

No melaço de meus dias
queimo.
Choro por puro doce,
sentimentalismos que vaza pelos olhos.

Não te acanhes.
Repare no reflexo 
trincado de minha existência.
Na alma roída que dizem que eu tenho...

Gosto puro de mar doente. 
Descarrego de fulana. 
Sortilégio de quem banha a lua.