7.3.15

Nas penas do concriz

Imortalizada num corpo de concriz,
sou pássaro de pensamento delicado
que se perde no frio sentimento
da raça humana.
 
Olhos já torcidos,
que não percebem quem chora.
ideias falhas,
que reproduzem a demência da espécie.
 
No fundo sou fragmento,
pedaço gasto de emoções passadas,
que se desfaz num tom lilás
e se distrai na imensidão desses teus olhos.


Carregada e vagarosa

Lembro-me de ti
como quem se lembra
do limo verde nas pedras.
 
Das quedas de nossos desencontros,
dos olhares mareados,
cansados e avermelhados...
 
Eu com este meu sangue
adoçado por lusos,
te bebo e te amo.
 
Mas não dum jeito leve.
Sem fazer média.
Carregada e vagarosa.
 
Nuvem em formação
que por descuido
desagua antes do tempo.