3.11.16

Resíduos

Ainda que seja tarde, te escrevo para dizer que ando bem, é claro que ainda sinto saudade e amor, mas estou melhorando, ando tendo problemas maiores do que isso que chamo de vida sentimental. O que consigo dizer sobre o agora é que por dentro nada mudou de forma radical, conheci novas pessoas, novas bocas, novos corpos, algo comum, socializei da forma que pude. Você sabe que faço isso bem, mas tenho o costume de evitar, talvez pelo fato do meu inconsciente ser egocêntrico e acreditar que nada vai mudar, pois as pessoas são vazias e não estou disposta a explicar nada sobre a minha vadiagem emocional à pessoa alguma. Essa minha vaidade é o que de fato me destrói, mas tive que fazer isso, não tive muitas escolhas: ou morria de amor, ou agonizava em silêncio, fique com a segunda opção, mas sempre desabafo em cartas, cartas mortas e abafadas que jamais terei coragem para te enviar! Guardo em mim a tua parte boa, o nosso passado feliz, as nossas tantas conversas, a paixão em versos tortos, o teu beijo com gosto de cigarro mentolado que eu tanto odiava, amo até o que um dia chamei defeito, sinto falta de você por completo, mas não do você atual, amo a tua lembrança, os nossos momentos carinhosos, mas não a tua transformação, a tua ideia atual... Infelizmente não fui capaz de acompanhar a tua mutação, mas ainda sim consigo dizer que te amo sem nenhum arrependimento.

18.6.16

Catalepsia

Te quero por uma faísca que me pinga no olho,
coisa pouca e rala,
um pretexto talvez,
mas a vontade é viva,
pulsante...

Um quase nada que se espalha:
racional que te queima em verso e trova.
Emocional que te cria num contra fluxo de musica e prosa.

Me viro no avesso, me perco.
É um rebuliço estomacal misturado com insaciedade.
Admiro meus contornos no espelho e logo penso:
Que diabos é esse sentimento,
que faz de mim um tormento?

Logo entro em desespero,
coloco mais uma dose de whisky.
Chego a conclusão que tudo que me cerca é barulhento.
Como cada fio do teu cabelo negro.

Que por descuido de teu ser,
se esparrama
e pelo frescor de minha visão um tanto míope,
muda o tom.

Um tanto mais, cinzas no chão...

A ideia corre e morre em teus braços,
teus lábios mornos,
tua pele,
teus pelos...

Idealizo a tua entrada na igreja.
Tanto de branco, quanto de roupas negras.
Enlouqueço por cada negar, por cada andar,
por cada olhar.
Olhar esse que desfaz o meu.
Que ofusca minha dignidade.
Faz de mim piedade.
A cada anoitecer.
 
(de: Bia Quadrelli e Leticia Borges)


1.3.16

Um tanto do menos Parte I

 
 

     Quero falar sobre o indivíduo, o mínimo, ralo, o nada raro. Quero falar de mim, sem pedir perdão, a palavra  hoje me pertence... Estou tratando de mim, afinal: Cada um tem o divã que merece! Faço do meu desabafo escrito, algo que um dia há de me engolir, o que me livra hoje, me condenará amanhã, não por arrependimento ou desgosto e sim porquê eu não paro, a minha mudança é frequente, nem os meus sentimentos permanecem, não que eles morram, só se transformam.
     Admito que sou multável, mas foi a forma que eu encontrei para continuar respirando, não sei muito bem o motivo, mas nunca me senti totalmente entendida e isso as vezes faz falta, só as vezes. Detesto a ideia que as pessoas tem de tentar enxergar o que está nas entrelinhas, por isso que muitos se perdem, tentam encontrar nos outros as respostas para os próprios problemas. A ideia de criar vínculos serve para facilitar a vida, acalmar os passos, aprender, ensinar, amadurecer dum jeito leve e não para descarregar misérias, traumas, desilusões... Isso vez ou outra, pode ajudar, mas ninguém nasceu para ser "poluído".
 
     


9.2.16

Cru!

Com a certeza do instante agora
consigo dizer sem arrependimento
que te amo.

muito, pouco... não importa.
A intensidade é relativa.
A durabilidade, pouco importa.

Quero-te o suficiente.
Assumo minha teimosia,
mas não confunda com capricho.

Meu sentimento é doce.
Sempre em movimento.
Mutável...

Com o perdão da palavra,
admito que o meu sentimento é agressivo,
não com você e sim comigo.

afinal; amor também é sofrimento.

2.2.16

Tempo de flor

Por delicadeza do tempo,
te espero sem as lágrimas da partida.

Engolindo o choro da espera.
Pendurada nos ponteiros.
Malabarismo dos segundos.

A ideia atoa tem nome e sorriso.
Teu sorriso...
Atordoamento de flor...

14.1.16

Além de um nome...



Venha deslizando,
desbocado,
acabando-se entre serpentinas,
sem pensar nos tais pecados.
Quero teus lábios moles,
tua pele morna sobre os meus poros em flor.
Manso como sempre foi,
brincando com os meus traços inventados,
sendo um pouco meu, um pouco mundo...
 




11.1.16

Talvez o ultimo




Como não morrer de amor?
Se me digo única,
preciso sentir o absoluto.
 
A inutilidade do extremo.
O pecado enraizado.
A flor que nem nasceu.
 
A dorzinha atrás do olho.
Sentimento vivo,
que quer mais e não assume.
Negando o que Deus sabe.
Negando o que eu sei!
 
Num sorriso atoa
que me leva ao "ultimo beijo dum sentimento eterno."
 
(Mote: Se eu soubesse que aquele beijo era o ultimo, teria jogado o chiclete fora, só para sentir o teu gosto puro.)