26.8.14

Pelas tabelas

Passando os olhos por versos dum dia,
Encontro-te entre os espaços:

Tempo para a minha cabeça...

Antes de ser homem,
sou sombra. 

Raiz falha,
Rés de humano.

Herói romanesco.
Ordinário almo.

Que no fundo sente,
não pelos olhos, mas pelas tabelas.

22.8.14

Astro rei

Assunte a terra que pisas.
Sinta o cheiro e não te acanhe. 
-O mundo é grande, meu amigo
e cabe no momento de teus miúdos olhos.

20.8.14

entre matérias

Dos beijos gastos roubados nas moitas.
dou-te todos e perco-me em um.

Solo de nosso amor que dura
para o momento vago dum pensamento solo.

Encontro-te entre as vigas dos muros.
Cacos de vidro, verde garrafa.

Sangue que nos cora a pele.
ajeita os corpos.

Teu corpo em boca.
Meu corpo em couro. 

13.8.14

Que venha

Desfiguro-me para as retinas.
Alumio astros mortos.
Sou de fogo e carne.

Lava de vulcão adormecido.
Resto de pele no bico.
 Pedaço dos mundos...

Venha de peito aberto.
Alma lavada.
Coragem nas ventas.

1.8.14

Deleite

Na delicadeza de meus passos noturnos.
Rasgo-me dentro de mim,
num assobio comprido 
para desencantar versos passados. 

Os chupões entre as frestas da vida.
As cores de meu bem.
Minha religião. 

Aquele ouvido viciado.
Cheiro de gim; 
Seca boca cereja.

Gostos e pigarros.
Água pura, que dá samba.
Escorregões, tropeços.
Bordões sentidos de violão.
Teus beijos, teus beijos...