26.8.13

Escancaro











Com antigo amores 
escorados em seus poucos sentimentos.
Com olhos apertados
e com uma dor envelhecida.

A boca ainda é rosada.
O riso, não se apaga.
Todo dia é carnaval.
Todo dia é primavera.

O escancaro da boca.
O pecado feminino.
A ideia que não morre. 
Pois gozo é o divino.

25.8.13

Inacabado

Curando dores de parto.
Com as dores do fim:

O ultimo suspiro.
O ultimo tango.
O ultimo arrepio.

Com beijos desbotados.
Gotas de vinho.
E orgasmos gorados.

Um fim digno de um suposto amor, 
inacabado.

19.8.13

Sabores

Mal acostumada com 
as ideias de minha terra. 

Gosto dos venenos fortes.
Das idéias loucas.
Dos problemas sem respostas.
Dos pecados da carne.

Tenho nos lábios 
vinte e cinco gostos.
Vinte e cinco homens.
Vinte e cinco peles.

Poucos me marcaram.
Poucos ficaram.
Poucos restaram. 

18.8.13

Continue

Liberte-se benzinho.
Descabele-se.
Descongele-se.

Se for preciso, apague a luz.
Tome um gole.
Dê dois tragos.

Vá de nariz empinado. 
Peito aberto.
Corpo tatuado.

Não importe-se com o tempo.
Vá nua.
Ao relento.

Mesmo doente,
continue.
Siga em frente.

Meio torta.
Exposta. 
Viva.

17.8.13

Mar

O mar é um poema em movimento.
Vagaroso.
Agitado.
Belo.
Modesto.
 
Cheio de acréscimos.
Rimas.
Versos.


Compromisso

Sem estatísticas.
Metas.
Ou bonitos sorrisos.
 
Vamos nos aproveitando.
Compartilhando suor.
Experiências.
Salivas.
 
Não nos importamos com o amanhã.
Vamos nos desfrutando.
Nos amando.
Nos chupando.
 
Até que acabe o gosto.
O prazer.
O fogo.
O gozo.


Cru

Tenho olhos cansados.
Avermelhados.
Doídos.

Faço do violão meu amigo.
Meu descarrego.
Minha miséria.

Não danço mambo.
Não me penteio.
Não sou bom moço.

Reparo o inútil:
O poema.
O confuso.

Sou uma prosa.
Um velho.
Um bandido.

(Uma singela homenagem ao cantor e compositor Sérgio Sampaio)



12.8.13

Poros

Deixe teu gozo
vazar por teus poros.
 
Adentre com tua carne quente.
Tua boca miúda.
Teus dedos longos.
Teu sexo cru.
 
Sinta minha pele.
Seja minha pele.
 
Prove do meu ópio.
Aceite todas as brisas.
Faça-me de musa.
Seja meu pianista.

9.8.13

Quereres

Preciso de teu gosto.
De tua pele.
De tua alma.
 
Coloque teu corpo mole
sobre o meu.
 
Quero lhe sentir por inteiro:
O macio das mãos.
A suavidade da voz.
Os grossos pelos homem.
 
Venha salivando.
Jorrando teu vinho.
Compondo tua arte.

7.8.13

Deleite

Nasci antes do tempo:
Sou um poema prematuro.
 
Nunca pensei em ser feliz.
Gosto de minha dor.
 
Acredito que um suspiro enjeitado
é muito mais belo que suportar um amor eterno.
 
É quase um pecado
dedicar-se a uma única pessoa.
 
Minha pele não é eternar.
Meus amantes não são eternos.
 
Preciso de novas salivas.
Novos movimentos.
 


O pianista

No emaranhado dos cabelos;
pingos de notas.
 
Som puro.
Mãos compridas.
Pulsos doídos.
 
Batidas de salto.
Sorriso.
 
Plateia.
Delírio.