27.10.13

Depois

Esqueça dos seios.
Repare no castanho.
Nos olhos.
No cabelo.

Não percebes que não sou boa moça?

Pelo contrário:
Gosto do ópio.
Tenho olheiras.
Vivo de resto de prazeres.

Não tenho tempo para ferir a moral de meninos. 

Perca a vergonha 
entre as pernas de alguma cachopa.
Tome um gole gim.
Depois, procure-me.

25.10.13

Caído








Repare bem neste meu olho caído.
Não é charme 
ou doença.

É dor aboletada 
de olho que pouco chora. 

Cru.
Forte.
Cruel.

Avermelhado.
Bêbado.
Infiel.

Que da casca veio ao mundo.
Misturou-se ao sangue humano.
E hoje é afilhado da epiderme morena
Que se desfaz no mundo imundo.

20.10.13

Olhos e cachaça

    Fiz oque todo homem sensato evita. Não, não estou falando de troca-troca nem de nada parecido, se fosse isso estava fácil, mas problema fácil não para mim, quando me fodo é por inteiro. E foi nesses extremos de betequim que mirei para olhos miúdos e amendoados. Na verdade olhei primeiro para as pernas, aquele par de pernas compridas e fortes me chamaram a atenção, mas vamos esquecer disso e continuar olhando para os olhos antes que meu garoto comece a subir, sim, chamo meu pênis de garoto, o trato como um filho único e querido, afinal ele cumpre muito bem com suas obrigações de pau. Mas estamos falando dela, perco o foco com facilidade. Continuando... Aqueles miúdos olhos amendoados marcados com um lápis preto e acompanhados por um par de olheiras muito me cativou, não sei muito bem, mas admiro mulheres com cara de ontem, aquela coisinha relaxada de maquiagem borrada e com cara de bêbada sonolenta lembra-me uma puta das antigas, sim aquelas de meretricio, que passavam a noite dançado, cantando, bebendo e fodendo. Não eram chatas com as de hoje que acham que só o fato de abrir as pernas já é alguma coisa. Não vivi neste tempo, mas lembro-me das histórias de meu avô, Folião vira-lata destes que faziam do corpo feminino uma especie de manta, amou uma unica mulher, mas vamos ser realistas, amor nunca castrou pessoa alguma. Hoje sinto-me meio castrado, desconfio que perdi meu juízo em meu ultimo orgasmo. Como eu, justo eu, cai nessa macumba de amor? Não sou homem de fé, mas quando se trata de amor todo e qualquer homem se apega em alguma entidade. Cachaça estragada só pode. Encantei-me por uma poeta e agora é assim: eu a faço de amada e ela transforma minha cara amassada em poema. Vou tomando até a ultima gota, vamos ver quem cai primeiro.

Qualquer coisa

Unhas borradas, 
avermelhadas, 
roídas.

Cabelos bagunçados. 
Libertos. 
Compridos.

Nada é muito importante.
Tudo é qualquer coisa.

Um sorriso.
Um beijo. 
Uma transa.

Coisas da carne.
Do mundo.
Da vida.

13.10.13

18:30

Coloque tua pele alva
sobre a minha.
Mire teu olhar faminto, azulado e ateu  
para o meu.

Seja mais que um homem.

Bêbado.
Louro.
Repente.
Plebeu.

Não me cante com indaga de ontem.
Faça o novo.
O diferente. 
O impuro. 

6.10.13

O que dizem os seus olhos

Aquele refrão de Gilberto 
passou em meus ouvidos.
Fazendo carias em minha pele
e cocegas em meu domingo preguiçoso.

Deixando um sorriso infanto e ameno
nestes meus lábios rosados e marcados.
Uma lágrima escorrendo no cantinho do olho esquerdo. 
E um beijinho frio do suposto enamorado.