2.4.15

Mais que mutável



Sinto uma veia de leve
pulsando no meu queixo arredondado.
 
Provo o inútil, 
o nada arrepiando
os nervos das retinas.
 
Tenho medo do presente.
vejo pedras que não choram.
 
Me espanto com as vontades,
ideias, desleixos e frescuras.
 
A fome de mudança
não suporta subir nos ombros
dos velhos lideres.
 
É preciso movimento,
cores, amores e vontade...

1.4.15

Nos afogam, gelam os ossos

Entre os falhos dentes, filetes de beijo,
saudade do tempo de riso, do verso atropelado.
Filetes de beijos perdoam suicídios,
mas há um delírio de saber até onde...
 
Pingado doce de leve nos lábios,
reparando a imensidão do tempo,
curtindo o desejo oculto de morte,
que sempre aparece nos dias vagos e nas noites vagarosas,
Mas o ar falta, como se só nicotina se respirasse,
no intervalo dos tragos, um suspiro...
 
Lembranças torcidas, retratos amarelados,
nomes abafados e cirandas nuas, largadas no espaço.
Amanhecer era tudo que precisávamos,
mas o que menos queríamos.
 
Temos um relógio de ponteiros brutos,
amarrados em nossos passos, tudo é largo, lato
e muito pouco

A transformação é de moer as ideias,
sem tempo para roer as unhas ou dizer que sim.
Sim, vai doer, não, é insuportável, vamos fugir, e rir, muito e muito,
 deixar as lembranças como algo que passou, sem feridas, sem porres....
 
(De: Maria Lucia Jeunehomme Borges e Leticia Borges )