2.12.12

Chá, manha e saudade

O chá de laranja me faz rememorar nossas noites de junho.
Noites frias e cheias de doce.
A cada sorvida, uma lembrança.
Recordações que o tempo não apaga, 
mas sufoca com o passar dos anos.
As paredes estão frias e acinzentadas.
Me recordo de teu sorriso, choro.
Choro de menina.
Cheia de dengo e manha.
O cheiro das flores recentemente cortadas, frescas.
Repousada sobre a mesa,
me faz lembrar a fragrância dos teus cabelos.
Cabelos negros e compridos.
Foram tanta manhãs emaranhada em teus cabelos.
Manhãs preguiçosas, cheias de café e beijo.
Manhãs livres, sem culpa, onde o amor era a nota mais alta.
Teus lábios eram doces, rosados e acalentavam meu ser.
Ser que é só.
Sem lábios, cabelos, pele ou amor.
A solidez que me acompanha, tem seu nome.
Nome que me dilacera a cada lembrança.
As paredes ecoam o teu nome.
sussurros em minha mente.
Estou me deteriorando,
nem uma alteração visual por fora.
Silêncio, tranquilidade e sorrisos perfeitos.
No entanto, há um barulho e espasmos aqui dentro.
Nada é suficientemente capaz de suplantar a dor da ausência.
             
                                     (Souza Gomes e Leticia Borges)

Nenhum comentário:

Postar um comentário