21.1.14

Nos teus lábios

Com todos os pecados 
Rasgados e resguardados,
Num fundo empoeirado
De uma gaveta vazia
Num riso estrangulado.
Sem se importar que diabos
Passa-se além do mar.

Como um beijo revogado
Seus olhos lacrimejam,
As luzes almejam se apagar.
O vinho ardente nos lábios
Uma última carícia,
 Um último sussurro.

Sopros de palavras cruas,
Que saltam da faringe,
Como um vulto de um
Corpo supostamente amado.

A bruma fria a nos envolver
A brisa negra a nos dizer...
O medo, a angustia.
 Um abismo. Sufoco!
 A pluma lá a voar;
Aquela que nunca vou alcançar

Pois meu desejo
É um filme italiano,
De notas e sangue.
Que me afasta
Das ilusórias pernas
De um corpo feliz e finito.

Numa colina; sorrio!
Uma lágrima acaricia-me.
A face gelada de uma noite.
O copo vazio na mesa
Absorvendo energias,
Alimentando-me. Doce!
É o fim, tudo acaba.

Só oque fica é teu nome,
Dilacerando-me
Feito um cutelo amolado
Por um deus que não dança.

E na fogueira vejo as tristezas
Como os olhos de criança
Vejo a morte, que nem um dia descansa.
Vem, enfim a mente entorpecente.
Uma gota de sangue na rosa
Torturada, mortal, carente.

Por não ter na pele fria,
A dentada daquele que tem fome
E ainda sim:
Renegou do pão.,
Do beijo.,
Do vinho.,
Do instante...
                     (De Igor Maion e Leticia Borges)

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